sexta-feira, 27 de maio de 2011

O VELHO MESTRE SAMURAI

Perto de Tókio vivia um grande samurai, já idoso, que adorava ensinar sua filosofia para os jovens. Apesar de sua idade, corria a lenda que ele ainda era capaz de derrotar qualquer adversário.
Certa tarde, um guerreiro conhecido por sua total falta de escrúpulos apareceu por lá. Era famoso por utilizar a técnica de provocação: esperava que seu adversário fizesse o primeiro movimento, pois era dotado de uma inteligência privilegiada para observar os erros cometidos por seus oponentes e contra-atacava com uma velocidade fulminante.
O jovem e impaciente guerreiro jamais havia perdido uma luta. E, conhecendo a reputação do velho samurai, estava ali para desafiá-lo e derrotá-lo, aumentando sua fama de vencedor.
Todos os estudantes manifestaram-se contra a idéia, mas o velho aceitou o desafio. Foram todos para a praça da cidade e o jovem começou a insultar o velho mestre. Chutou algumas pedras em sua direção, cuspiu em seu rosto, gritou todos os insultos conhecidos e ofendeu inclusive seus ancestrais.
Durante horas fez tudo para provocá-lo, mas o velho mestre permaneceu impassível. No final da tarde, sentindo-se já exausto e humilhado o jovem e impiedoso guerreiro retirou-se.
Desapontados pelo mestre ter aceito tantos insultos e provocações, os alunos perguntaram: Como o senhor pode suportar tanta indígnidade? Por que não usou sua espada mesmo sabendo que podia perder a luta, ao invés de mostrar-se covarde diante de todos nós?
- Se alguém chega até você com um presente e você não o aceita, a quem pertence o presente? Perguntou o velho samurai.
- A quem tentou entregá-lo - respondeu um dos discípulos.
- O mesmo vale para a inveja, a raiva e os insultos - disse o mestre. Quando não são aceitos, continuam pertencendo a quem os carrega consigo.

Reflexão: A atitude de aceitação "aparentemente passiva" do samurai aos insultos e provocações do jovem guerreiro, foi consciente, autêntica com a finalidade de dar uma lição ao opressor e aos seus discípulos, mesmo que estes não o tenham percebido de imediato.

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