terça-feira, 17 de maio de 2011

A CARROÇA

Uma das grandes preocupações de nosso pai, quando éramos pequenos, consistia em fazer-nos compreender o quanto a cortesia é importante na nossa vida.
Por várias vezes percebi o quanto lhe desagradava o hábito que têm certas pessoas, de interromper a conversa quando alguém estava falando. Eu especialmente, incidia muitas vezes  nesse erro. Embora visivelmente aborrecido, ele, entretanto, nunca brigou comigo por causa disso, o que me surpreendia bastante.
Certa manhã bem cedo, ele me convidou para ir ao bosque a fim de ouvir o cantar dos pássaros. Concordei com muita alegria e lá fomos nós, umedecendo nossos calçados com o orvalho da relva molhada.
Ele se deteve em uma clareira e, depois de um breve silêncio, me perguntou:
Filho, você está ouvindo alguma coisa além do canto dos pássaros?
Apurei minha audição alguns segundos e respondi:
Estou ouvindo o barulho de uma carroça que deve estar descendo pela estrada.
Isso mesmo...disse ele. É uma carroça vazia. Sabe por que?
Não respondi intrigado.
Meu pai pôs a mão em meu ombro e olhou bem no fundo dos meus olhos e disse:
O barulho que faz é de uma carroça vazia. Quanto mais vazia, maior é o barulho que faz.
Não disse mais nada , porém deu-me muito em que pensar. Ainda hoje, quando vejo uma pessoa tagarela e inoportuna, interrompendo intempestivamente a conversa de todos, ou quando eu mesmo, por distração, vejo-me prestes a fazer o mesmo , imediatamente tenho a impressão de estar ouvindo a voz de meu pai soando na clareira do bosque dizendo:

"FILHO QUANTO MAIS VAZIA A CARROÇA, MAIOR É O BARULHO QUE FAZ!"

(Autor Desconhecido")

Nenhum comentário:

Postar um comentário