domingo, 23 de fevereiro de 2014

A PONTE


Toda corrente de água desliza entre duas margens. Margens que detêm e ordenam.
Que impedem de invadir os campos. Que lhe traçam um caminho.
Duas margens que permitem essa água formar um todo e realizar sua tarefa:
Regar as planícies através das quais desliza.
E as margens ficam distantes uma da outra...
Elas, porém, podem unir-se. Aproximar-se. Fundir-se quase, quando sobre as águas se estende uma ponte.
Olhando ao longe sente-se a tarefa imensa e ao mesmo tempo agradável, executada pela ponte.
Como um abraço amigo aproxima duas separações.
Como um diálogo silencioso faz conversarem duas solidões.
Como a mão estendida fraterniza dois estranhos.
Se a ponte pudesse sentir, poderíamos, sem medo, qualificá-la de feliz.
Feliz por ser capaz de tornar o outro feliz.
E nunca se colhe maior felicidade do que quando se semeia felicidade.
A ponte tem, para cada um de nós, um profundo e significativo simbolismo.
É a lição perene, silenciosa e rica, no dia-a-dia de sua missão:
De ligar e aproximar. De cortar distâncias. De eliminar os abismos.
Diante de uma ponte nos ocorre reflexões que alguém escreveu:
Em êxtase contemplativo  olho a ponte, admiro a ponte, escuto a linguagem da ponte...
Sou forte, terrivelmente forte. Resisto a todos e permaneço sempre estática, mas perseverante em meu posto de serviço.
O segredo de minha força?
De minha perseverança?
De minha grandeza?
Nasci para unir.
Vivo para unir.
Sirvo para unir.
Como gostaria de ser ponte também!
Para unir a terra aos céus!
Para unir os desunidos.
Para unir os desencontrados.
Para unir os corações.

Texto de: Hugo Di Baggio

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