"Almas existem que varam
dezenas de reencarnações sem a menor notícia da Espiritualidade Superior, em
cuja claridade permanecem como que hibernadas, na condição de múmias vivas, já
que não dispõem de recursos mentais para o registro de impressões que não sejam
puramente de ordem física..."
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ESCLARECIMENTO
André Luiz
("Na parte final das tarefas da
noite de 1º de setembro de 1955, foi o benfeitor André Luiz quem se valeu do
horário das instruções para estimular a todos ao estudo com o seu verbo amigo e
sábio. Com a franqueza e a simplicidade que lhe são peculiares, deixou o
precioso esclarecimento, apresentado linhas abaixo." - Nota do editor do
livro)
ANDRÉ LUIZ: Quando alinhamos nossas
despretensiosas anotações acerca de "Nosso Lar" (1), relacionando a
nossa alegria diante da Vida Superior, muitos companheiros inquiriram
espantados: - "Afinal, o que vem a ser isso? Os desencarnados olvidam
assim a paragem de que procedem? Se as almas, em se materializando na Terra,
chegam do mundo espiritual, por que as exclamações excessivas de júbilo quando
para lá regressam, como se fossem estrangeiros ou filhos adotivos de nova
pátria?"
O assunto, simples embora, exige
reflexão.
E é necessário raciocinar dentro
dele, não em termos de vida exterior, mas de vida íntima.
Cada criatura atravessa o portal do
túmulo ou transpõe o limiar do berço, levando consigo a visão conceptual do
Universo que lhe é própria.
Almas existem que varam dezenas de
reencarnações sem a menor notícia da Espiritualidade Superior, em cuja
claridade permanecem como que hibernadas, na condição de múmias vivas, já que
não dispõem de recursos mentais para o registro de impressões que não sejam
puramente de ordem física.
Assemelham-se, de alguma sorte, aos
nossos selvagens, que, trazidos aos grandes espetáculos da ópera lírica,
suspiram contrafeitos pela volta ao batuque.
E muitos de nós, como tantos outros,
em seguida a romagens infelizes ou semicorretas, tornamos do mundo às esferas
espirituais compatíveis com a nossa evolução deficiente, e, além desses lugares
de purgação e reajuste, habitualmente somos conduzidos por nossos Instrutores e
Benfeitores para ensaios de sublimação a círculos mais nobres e mais elevados,
nos quais nem sempre nos mantemos com o equilíbrio desejável, já que nos
achamos saudosos de contato mais positivo com as experiências terrestres.
Agimos, então, como alunos
inadaptados de Universidade venerável, cuja disciplina nos desagrada, por
guardarmos o pensamento na retaguarda distante, ansiosos de comunhão com o
ambiente doméstico, em razão do espírito gregário que ainda prevalece em nosso modo
de ser.
Como é fácil observar, raras
Inteligências descem, efetivamente, das esferas divinas para se reencarnarem na
esfera física.
Todos alcançamos as estações do berço
e do túmulo, condicionando nossas percepções do mundo externo aos valores
mentais que já estabelecemos para nós mesmos, porque todos nos ajustamos,
bilhões de encarnados e desencarnados, a diferentes faixas vibratórias de
matéria, guardando, embora, o Planeta como nosso centro evolutivo, no trabalho
comum.
Desse modo, a mais singela conquista
interior corresponde para nossa alma a horizontes novos, tanto mais amplos e
mais belos, quanto mais bela e mais ampla se faça a nossa visão espiritual.
Construamos, pois, o nosso paraíso
por dentro.
Lembremo-nos que os grandes culpados
que edificaram o inferno, em que se debatem, respiram o ambiente da Terra – da
Terra que é um santuário do Senhor, evoluindo em pleno Céu.
Nosso ligeiro apontamento em torno do
assunto destina-se, desse modo, igualmente a reconhecermos, mais uma vez, o
acerto e a propriedade da palavra de Nosso Divino Mestre, quando nos afirmou ,
convincente: - "O reino de Deus está dentro de nós."
Primeiro livro ditado por André Luiz
à Chico Xavier.
(Do livro "Vozes do Grande
Além", André Luiz, Chico Xavier)
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