terça-feira, 2 de agosto de 2011

UMA RAINHA DE FRANÇA (HAVRE, 1863)

Quem melhor do que eu pode compreender a verdade destas palavras de Jesus: "O meu reino não é deste mundo"?

O orgulho me perdeu na Terra. Quem, pois compreenderia o nenhum valor dos reino da Terra, se eu não compreendia? Que trouxe eu da minha realeza terrena? Nada, absolutamente nada. E, como que para tornar mais terrível à lição, ela nem sequer me acompanhou até o túmulo! Rainha entre os homens, como rainha julguei que penetrasse no reino dos céus! Que desilusão! Que humilhação, quando em vez de ser recebida aqui qual soberana, vi acima de mim, mas muito acima, homens que eu julgava insignificantes e aos quais desprezava por não terem sangue nobre! Oh! Como então compreendi a esterilidade das honras e grandezas que com tanta avidez se buscam na Terra!
Para se merecer um lugar neste reino, é necessária a abnegação, a humildade, a caridade em toda a sua celeste prática e a benevolência para com todos. Aqui não lhe perguntam o que fostes, nem que posição ocupou, mas que bem fizestes, quantas lágrimas enxugou.
Oh! Jesus, tu o disseste, teu reino não é deste mundo, porque é preciso sofrer para chegar ao céu, de onde os degraus de um trono lhe servem de caminho. A ele só conduzem as veredas mais penosas da vida. Procurai, pois, o caminho, através dos sacrifícios e dos espinhos, não por entre as flores.
Correm os homens por alcançar os bens terrestres, como se os fossem guardar para sempre. Aqui porém, todas as ilusões somem. Cedo eles percebem de que apenas apanharam uma sombra e desprezaram os únicos bens reais e duradouros, os únicos que se aproveitam na morada celeste., os únicos que lhes podem facultar o acesso a esta.
Compadecei-vos dos que não ganharam o reino dos céus: ajudai-os com as vossas preces, porquanto a prece aproxima do Altíssimo o homem; é o traço da união entre o céu e a Terra: não os esqueças.

Uma Rainha de França. (Havre, 1863)
Allan Kardec - da obra: O Evangelho Segundo o Espiritismo.

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